domingo, 2 de outubro de 2011

Um poema em celebração à separação


XXV

Insensatez e sombra
Foi o que se apossou de mim
Quando sonâmbula

Amoldei meus pés ao teu caminho.
Um distorcido de luzes e de lírios
Lagunas ruivas, vozes
Vindas de um não sei onde, vivas

Me fizeram supor que o teu caminho
Era a luz do meu passo, merecida
Porque de luta e a sós
Toda minha vida.

E agora sei que as palmas do martírio
É que brilhavam

E ruivos
Eram os lagos de nudez e sangue
E viva era minha própria voz
Maldizendo meu nome.

(Hilda Hilst, Cantares de perda e predileção)

Nenhum comentário: