terça-feira, 7 de julho de 2009

Protógenes Queiroz


Há alguns meses, entrevistei por e-mail o delegado Protógenes Queiroz. Depois de um ano de deflagração da Operação Satiagraha, vejo Daniel Dantas, agora o "Olhos Verdes Sensuais", novamente nas primeiras páginas.
Resolvo postar entrevista com o delegado, hoje afastado da investigação.
Foto: Agência Brasil

Teje preso!

Ele prendeu Paulo Maluf, o contrabandista
Law Kin Chong, o especulador Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta entre outros, por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de quadrilha.
Também coordenou, junto com a Promotoria de São Paulo, as investigações do caso Corinthians/MSI, desmascarando fraudes na arbitragem do futebol brasileiro.
Operação Satiagraha
Mais recentemente, ele presidiu o inquérito que resultou na Operação Satiagraha. Como delegado da Polícia Federal, ele prendeu o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity – solto duas vezes pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Após colocar algema em gente graúda, foi acusado de fazer escutas ilegais.
O delegado Protógenes Queiroz é hoje acusado pela imprensa e pelos congressistas da CPI dos Grampos por fazer investigações irregulares. Isso para tirar o foco dos crimes de quadrilha de bandidos armada na era Fernando Henrique Cardoso e cujos braços estão ainda hoje no governo Lula.
O delegado Protógenes Queiroz falou, em entrevista e-mail, sobre a Operação Satiagraha (que significa “firmeza da verdade”, em sânscrito) e sobre a impunidade para os criminosos de colarinho branco. Veja o que tem a dizer o delegado mais odiado hoje pelos poderosos no país.

Contra grandes interesses

Houve escuta ilegal na Operação Satiagraha?
PQ: Não. Todas as interceptações telefônicas e telemáticas, foram com autorizações judiciais e fiscalizadas pelo MPF [Ministério Público Federal], inclusive sofri duas investigações que auditaram todo o trabalho da Operação Satiagraha e não encontraram nada de ilegal ou irregular.

Quais são os crimes de Daniel Dantas?
PQ: Os crimes do banqueiro bandido condenado Daniel Dantas, na primeira fase da nossa investigação foi condenado por corrupção e indiciado por gestão fradulenta. Na segunda fase está sendo investigado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

Por que ele não está preso? Quais são os interesses em jogo?
PQ: O banqueiro condenado Daniel Dantas não está preso, em razão de dois HCs [habeas corpus] concedidos liminarmente pelo Presidente do STF Gilmar Mendes e como é decisão da Suprema Corte do país não se discute se é justa ou não. Os fatos falam por si na mente do povo brasileiro e externada desde gestos mais simples à posição mais técnica juridicamente.Eu como autoridade policial não tenho nenhum sentimento a não ser cumprir imediatamente, como de fato ocorreu.Os interesses obscuros nos negócios do banqueiro bandido "o tempo é o senhor da razão", logo, logo o Brasil vai conhecer a podridão que envolveu esse caso, que vai da corrupção ao desvio de riquezas naturais do país - são mais de mil concessões de exploração do subsolo brasileiro usados de forma duvidosa e suspeita.

Na sua opinião, até quando o Brasil continuará sendo o país da impunidade?
PQ: Atualmente vivemos num Brasil pior do que nos tempos do Império nas Administrações Ultramarinas. Nesta época prendia-se e confiscava os bens do corrupto ou desviador de riquezas e recursos da coroa lusitana. Hoje nós até conseguimos a prisão de alguns poderosos, mas logo saem da cadeia como se nada tivesse acontecido e ainda se consideram vítimas. O que falta no Brasil de hoje é punição, a ser uma exigência nossa de brasileiros que trabalham honestamente e contribuem para um país mais digno e justo. A saída final é com o exercício da cidadania por meio do voto que eu acredito na mudança, a fim de que o grito "muda Brasil" sejam acompanhadas da vontade popular na construção de um Brasil para nós brasileiros.

Tem intenção em entrar para a política?
PQ: A resposta é não. A minha condição de Delegado de Policia Federal, embora afastado, me condiciona a contribuir mais pela sociedade do que em qualquer cargo politico.

Nenhum comentário: