Mostrando postagens com marcador Música. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Música. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Careqa à espera de Tom Waits

Muito ousada a idéia de fazer versões em português de músicas do Tom Waits. Carlos Careqa, fã desde 1985, tratou da execução do projeto de um jeito cuidadoso. O cd “à espera de Tom” foi bem produzido. E o show, do mesmo título, divertidíssimo.

Show
O que me levou a sair de Osasco e ir a Santo André para pegar o show na faixa foi uma curiosidade absurda. Valeu a pena.

O artifício usado para desarmar fãs receosos do homenageado foi o deboche (talvez não pensado - dizem que pessoalmente Careqa é um ser engraçado). Tiradas surpreendentes, poses teatrais, traduções daquele inglês que todos compreendem, versos indecentes em tempos da reinação do politicamente correto, comentários ácidos do músico (Waits encarnado em Careqa)... tudo contribuiu para que o pensamento crítico não se apoderasse das mentes, deixando a recepção livre para receber de forma saudável as doses etílicas do show...

Cd
Em casa, com o cd, a coisa muda um pouco. Comecei a me perguntar por que não consegui escutar duas faixas até o fim - “Num trem de metrô” (Downtown train) e “Não baixe a cabeça assim”(Hang down your head).

Será que daria para fazer versões melhores dessas músicas? Ou as outras é que são mais desconhecidas para mim e, por isso, gostar delas foi mais fácil?

Não sei. Só sei que fico feliz em ver que ainda existem pessoas atrevidas nesse mundo, que está tão chato.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

TIMganaram Festival 2007


Me enganaram. Apesar da minha ignorância advinda de meu decênio pós-adólescent, no que concerne ao não conhecimento de bandas como Spank Rock e Hot Chip, acreditava que o Tim Festival 2007 naquela noite não me causaria tamanha irritação. Ó, se não fosse Björk, com seus personalíssimos agudos, sua banda estupenda, seus backings femininos com instrumentos de sopro metálicos, sua caracterização exótica de nossa senhora afro-islandesa e sua dança de menina de sete anos buscando, com mãos, pés e caretas, notas de melodias ricas e delicadas... Não fosse isso, não me perdoaria por ter perdido uma noite com meus lençóis!

Achei que mesmo sendo na dispersão do Sambódromo, poderia apreciar bandas novas, espremer-me na galera, aguentar o aperto do gargarejo, como sempre, mas... não! Um calor dos infernos, bandas sem identificação umas com as outras (e, por isso, pessoas gritando "Agora, rock and roll!", ou "Björk, go away!"), falta de água e cerveja e um atraso de 3 horas para shows programados para terminar às duas da matina em plena pré-segunda-feira fizeram que decidíssemos (Estevam Scuoteguazza, fotojornalista, Carlota Cafiero - que escreveu na sua matéria para o Correio Popular de Campinas que era "teimosa, mas não de ferro" e eu) por ir embora antes dos Killers.

Quanto a TIM economizou nesse evento comparando aos outros anos? O que ganhou com aquela gente que pode pagar R$ 400,00 no ingresso para ficar na ala VIP (um espaço de cerca de 30 metros entre o palco e a "ralé" que pagou mais de meio salário mínimo) e mandar recadinhos para o telão com dizeres como: "Eu tô no VIP, vc naum! Hahahahaha!"? Que evento foi esse que não ofereceu uma sala de imprensa e colocou os fotógrafos atrás dessa elite cabeçuda e very important?

Veja relato de Estevam Scuoteguazza em
http://forum.fotografiabrasil.com/index.php?topic=21714.0 e, de quebra, algumas fotos (os chatos e péssimos Arctic Monkeys fizeram os fotógrafos assinarem uma folha em inglês, dez segundos antes do show, para evitar "uso comercial das imagens da banda", como se eles não estivessem ali a trabalho... Os Killers, por sua vez, proibiram esses profissionais de exercerem sua função: não permitiram fotos feitas pela imprensa! Consta que o show deles foi bom, mas, uma trabalhadora cumpridora de seus horários não pode ficar para vê-los depois das 4 da manhã de uma segunda-feira!)

PS: Para mostrar que não estou tão velha rabujenta ainda, gostei muito do Hot Chip... tocando New Order!!!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Roteiro para moços - SP 1960

Ele me dizia sempre o que era viver melhor. Não me refiro a Jacob do Bandolim, para o qual seu filho Sérgio Bittencourt fez "Naquela mesa", mas a meu pai, que além das histórias contadas e conselhos oferecidos ao som de um bom samba e de uma cerveja gelada, deixou-me por escrito notas sobre sua juventude.
Agora, nem sei onde está a mesa, se vazia ou não. Resta a impressão, sem data, de um texto de muito valor para mim. Coloco-o na íntegra aqui para que, caso inventem a máquina da felicidade, a que faz voltar o tempo, possam os moços ter um roteiro para desfrutar os anos 1960 na capital paulista.


Por Israel Garcia Alves

"Insone, é madrugada e já estou de saco cheio...


Olho ao meu redor, acendo o abajour quebrado, pego a revista que está na banqueta ao lado e me animo a dar uma olhada. Trata-se de Caros Amigos de maio de 2004, leio a crônica Paulicéia do Emir Sader, acho-a interessante e me disponho a acrescentar algumas passagens da minha vida que talvez venham a justificar esse meu desconforto (acho que passageiro). À citação do ilustre jornalista, acrescentaria ainda a Avenida Ipiranga, Rua 24 de Maio, Praça Pedro Lessa e Avenida São João e tantas outras. Gostaria de relembrar especificamente a época dos bailes de formatura, onde os clubes com seus lindos eventos abrilhantavam noites inesquecíveis, embaladas pelas Orquestras de Waldomiro Lemke, Los Guarachos, Pocho, Portinho, Simonetti, Nelson de Tupã, Erlon Chaves e outras mais, para onde, em traje à rigor, inclusive com cordãozinho preto no pescoço, sapatos Bibo nos pés (comprados na Praça Clóvis Beviláqua), partíamos para a noite cheia de emoções regadas a Cuba-Libre e Ray Fay, nos clubes Home, Palácio Mauá, Professorado Paulista, Ipiranga e outros acabando sempre com a "saideira" na Liberdade, onde às 6h da manhã tomava o bonde Ponto Fábrica, com destino ao Ipiranga, local de minha residência.

Veio-me à lembrança ainda as casas noturnas da época encabeçadas pelo Quinta Avenida (onde se dançava com cartão) Melika, Castelinho, Som de Cristal, Badaró, Guarany e outras tantas. A "Boca do Lixo", situada entre a Av. São João e a Estação da Luz, era o local mais freqüentado, com seus hotéis e quantidade enorme de prostitutas, local que tinha seus encantos naquela época, pois não havia tanta violôncia e não se ouvia falar em drogas. A "Boca do Luxo" (assim a chamavam) era localizada nas Ruas Paim e Avanhandava, local de prostituição para a elite. Não sei se o Pingão, com suas batidas e lingüiças calabresas, continua ainda no lindo Largo do Arouche, cheio de flores, que conheci; se a Rua Monteiro, onde comprei meu primeiro tecido de casemira e o Juca Pato estão ainda na Rua Santa Tereza (e se ela mesma ainda está); se o Restaurante Guanabara na Rua Boa Vista, onde meu gerente da Cia. de Seguros, João Balas, ia saborear o melhor chopp de São Paulo, continua em atividade. Qualquer dia desses, me animo e vou para São Paulo, diretamente à Avenida São João, num sábado de madrugada, precisamente às 4h, para ver se encontro ainda aberto o Papai, agora já sem a companhia da voz e dele próprio Noite Ilustrada, para ouvir "Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima".


São tantas coisas que me é impossível relembrar todas as passagens de minha vida, mas não posso deixar de registrar o carinho e a amizade que tive e tenho pelo amigo Zelão, que me ensinou o caminho de como aproveitar a vida, desde a época das perseguições políticas no Largo São Francisco, onde havia quebra-quebra todos os dias em frente à Faculdade XI de Agosto e Banco de La Nación Argentina, onde trabalhávamos numa Cia. de Seguros no número 34 daquele Largo. Lembro-me do dia 31 de março de 1964, estávamos no Áurea's Bar do Zico, na Rua Guaianazes, quando estourou a revolução e por ordem dos soldados do exército fomos obrigados a levantar os braços, deixando no chão o Dario, cabelereiro do Tremembé. Até hoje não sei se agradeço ao Zelão ter me levado para sua casa no Tremembé naquela noite, pois, na verdade, não ouvi sequer um tiro da revolução fajuta ou o mais certo é que estivesse embriagado.


Se pudesse voltar aos meus dezoito anos, gostaria de pegar minha calça branca, sapato branco e minha camisa vinho de buclê e ir todo contente para um baile de carnaval no Arakan...


Minha filha, faça o que tiver vontade, aproveite e viva intensamente. Procure não dormir muito para ficar mais tempo acordada.


Você não pode imaginar o amor que sinto por você e o tamanho do orgulho que tenho por meus filhos, Pai."



Glossário a ser feito. Visitas e respostas às perguntas relacionadas aos lugares citados também.

Zelão, onde está o Sr? Gostaria de conhecê-lo!

sábado, 14 de julho de 2007

A estética da bossa nova

Julho de 2006
Chega de saudade, com João Gilberto, ofereceu, pela primeira vez, um espelho aos jovens narcisos da zona sul do Rio de Janeiro. A avaliação é de Ruy Castro, autor do livro que tem o mesmo nome de uma das bossas mais famosas: Chega de saudade - a história e as histórias da bossa nova, editado pela Cia. das Letras e financiado pelo projeto Artista Residente da Unicamp. Muito mais que Copacabana, com Dick Farney, aquele novo jeito de cantar e tocar “ensolarava tudo”, segundo Castro. Não se desejava mais cantar o sangue e a dor. Ao invés de “Não, eu não posso lembrar que te amei” (Caminhemos, de Herivelto Martins), preferia-se a afirmativa de Vinícius: “Eu sei que vou te amar/ Por toda a minha vida eu vou te amar”.

O que se pensa quando se fala no Rio de Janeiro dos anos 1950? Um cenário natural e exuberante emoldurando tempos felizes? Segundo afirma, em uma crônica da época, Antônio Maria, jornalista e compositor de Ninguém me ama, ninguém me quer..., a noite de Copacabana era bem diferente disso. “Uma passarela de mulheres sem dono, pederastas, lésbicas, traficantes de maconha, cocainômanos e desordeiros da pior espécie”. E essa “passarela” dividia espaço com boates onde canções melancólicas, marchas tristes e boleros eram bastante apreciados.



Com Ninguém me ama Antônio Maria
ditava o gosto dos anos 1950


Durante o dia, pelo contrário, grupos de jovens tomavam refresco e só se interessavam por Dick Farney (que, na verdade, foi registrado como Farnésio Dutra) e pelas novidades da música americana, principalmente os lançamentos de Frank Sinatra. Freqüentavam a famosa Murray, uma loja de discos e eletrodomésticos localizada na esquina das ruas Rodrigo Silva e Assembléia, no centro da cidade, para se encontrar e discutir música. Diferentes fã-clubes disputavam preferências.

Essa juventude não se identificava com os sambas-canção abolerados que se escutava na Rádio Nacional. As letras, os arranjos e as interpretações vocais eram vistos como excessivos. A temática recorrente, a da dor-de-cotovelo, não fazia sentido para eles. Na visão dos jovens universitários de classe média, que queriam se livrar do ensino de música tradicional (baseado no método de Mário Mascarenhas), o momento em que viviam pedia mais modernidade: menos acordeão, instrumento que era hegemônico na época, menos floreios vocais, menos brilhos e paetês.

Voz, banquinho e violão
Muitos implicaram com o movimento. O compositor de baião Humberto Teixeira chamou-a de “música para tapete”, em referência às reuniões no apartamento de Nara Leão.
Antônio Maria, que não gostou de ser identificado como músico do passado (tinha apenas 39 anos em 1960), também comprou briga. Sílvio Caldas, chamado a opinar, disse: “É uma manifestação passageira, própria dos moços que retratam o espírito de desobediência e má educação da época atual. Vai passar, porque carece da categoria que somente a autenticidade confere às coisas”.
José Estevam Gava, professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Pelotas (RS) explica: “Aos nossos ouvidos hoje, expostos a uma vasta gama de estilos e tendências os mais disparatados, a bossa nova é coisa trivial e já assimilada como manifestação possível. Em 1958, não era”.

Entre 1958 e 1962, a bossa nova congregou procedimentos que formaram uma proposta original. Controlou a expressão do canto, reduziu o conjunto instrumental, enriqueceu a harmonia pela inclusão de notas estranhas aos acordes (as dissonâncias), negou o estrelismo solista do cantor, criou a estética “voz, banquinho e violão”, conjugando requinte com simplicidade e criando um novo nicho musical, intelectualizado, de “classe média” e de “bom gosto”.

Apenas em dois anos depois de lançada, Garota de Ipanema teve mais de quarenta gravações no Brasil e nos Estados Unidos. A inspiração para Tom e Vinícius foi Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, mais conhecida por Helô, uma menina de dezenove anos, de um metro e sessenta e nove, olhos verdes, cabelos lisos e longos que ia ao bar Veloso comprar cigarros para sua mãe.

Mistura
A beleza, reverenciada na música, era tema constante. Não somente a beleza feminina ou natural (o céu, o mar, o Corcovado etc) eram tratadas. A discussão estética era recorrente.
Santuza Naves, professora do Departamento de Sociologia da PUC do Rio de Janeiro, aponta que em Desafinado, por exemplo, “a pretexto de uma arenga sentimental, discute-se, na realidade, uma questão estética”.

Para o pesquisador José Estevam Gava, fica difícil falar de uma estética por trás de tudo, a não ser que se aprecie cada composição. “De fato, a estética da bossa nova vem sendo descrita ao longo do tempo, a partir de seus produtos e dos depoimentos de vários de seus integrantes. Percebe-se, entretanto, que não há muito consenso entre tais depoimentos, de modo que seria preciso analisar caso a caso. Talvez não haja uma estética, mas várias. Ainda que traços comuns sejam utilizados por todas”, diz Gava.

Segundo o professor, é difícil fixar uma estética muito definida, pois, como solução formal, a bossa nova durou pouco, logo sendo reelaborada por outros músicos que se aproveitaram dos “avanços” do estilo.

Influências
Para a professora Santuza Naves procedeu-se à uma estilização do samba, a partir da batida criada por João Gilberto e da harmonia minimalista de Tom Jobim. Sob seu ponto de vista, houve um processo de hibridização, “com a incorporação de elementos do cool jazz desenvolvido nos Estados Unidos e de experiências musicais consideradas inovadoras, como o bolero criado pelo mexicano Lucho Gatica que, como o cool jazz, era mais camerístico”.


Tom e a estrela francesa Mylène Démongeot


De acordo com José Estevam Gava, não há como ser muito categórico quanto ao grau de rompimento que a bossa nova efetuou no âmbito musical, porém, na sua avaliação, os bossanovistas mativeram o samba como matriz, dando-lhe uma roupagem nova. “Com a Bossa Nova o samba ficou mais “moderno”, menos batucado, menos exótico, mais palatável aos ouvidos europeus e norte-americanos. Houve importação de elementos e exportação de um produto novo”, diz. Para ele, muito mais que do jazz, os elementos “impressionistas” que dão o toque especial, sutil e vago às composições, vieram da música erudita francesa do fim do século XIX e início do século XX.

Isso é bossa nova
O termo bossa nova não se limitou à música, também influenciou comportamentos. Passou a ser utilizado na rotulação de tudo o que era moderno: de aparelhos eletrônicos a roupas de banho.
José Estevam Gava, ao analisar a bossa nova nas artes gráficas, cita as capas dos discos da gravadora Elenco e algumas experiências inovadoras da revista O Cruzeiro como exemplos disso. “Em ambos os casos tanto nas capas da Elenco quanto na “bossa nova no jornalismo”, lançada pelo O Cruzeiro em 1960, a matriz construtivista ficou evidente na simplificação, na geometrização, no alto-contraste, na idéia de se comunicar com o menor número de elementos e recursos”, afirma Gava. “Vejo a bossa nova como expressão musical de nossos últimos suspiros modernistas, embalados que foram pelos poetas e pintores construtivistas e pelo sonho de uma sociedade planificada e harmônica, mais justa e solidária, livre dos recalques e amarguras do passado colonial retrógrado. Infelizmente, acabou sendo uma brevíssima época, talvez a única em que decidimos e pudemos ser absolutamente modernos”, declara o professor, que não esconde sua simpatia pelos clássicos da bossa nova.

Discussões estéticas
Depois de 1962, o “movimento” – entre aspas pois nunca houve um manifesto – aos poucos se desfez. O curto período de duração da bossa nova fez surgir rapidamente novas formas musicais que, como explica Gava, se apropriaram do estilo.

Nara Leão, em 1963, decidira trocar a bossa pelo morro, juntando-se a Zé Kéti e Nelson Cavaquinho. Carlos Lyra, separando-se de Ronaldo Bôscoli, já tinha se voltado à músicas de cunho político, envolvido que estava no Centro Popular de Cultura (CPC). O retorno aos sambistas “autênticos”, que ambos pregavam, dava sinais de que a “turminha do apartamento” era coisa do passado. Para eles, a música deveria tratar de assuntos considerados mais importantes, com mais realismo social. De outro lado, Menescal dizia que “música não foi feita para alertar coisa nenhuma”, pois, segundo ele, quem alertava era corneta de regimento.

Outros estilos derivaram da bossa nova. O que se desenvolveu no Beco das Garrafas, na rua Duvivier, em Copacabana, no início dos anos 1960, é um deles. Segundo Santuza Naves, a maneira intimista de interpretação (tanto vocal quanto instrumental) foi abandonada, vozes mais possantes foram privilegiadas no Beco, a percussão tornou-se mais viva e abandonou-se a vassourinha, que era um recurso típico dos bossanovistas usado para suavizar o som. Elis Regina surgiu ali, em meio ao hard bossa nova de Tamba Trio, Bossa Três, Quinteto Bottle’s etc. No futuro, a Tropicália iria também reverenciar a estética criada por João Gilberto. "Paradoxalmente, porque, ao mesmo tempo, incorporava o estilo excessivo rejeitado pelos bossanovistas" – o “fino” e o “grosso”, como argumentou Augusto de Campos em O balanço da bossa –, explica Naves.

*Fotos extraídas do livro "Chega de saudade - a história e as histórias da bossa nova" (Ruy Castro - Cia. das Letras)